sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Rússia ensaia engenho capaz de evitar defesas - Teste de míssil desafia Ocidente

A Rússia testou ontem com êxito um míssil balístico intercontinental que afirma ser capaz de evitar qualquer sistema de detecção e de defesa antimíssil, no que parece ser uma resposta de Moscovo ao recente acordo para a instalação de parte do escudo antimíssil dos EUA na Polónia. O ensaio surge em plena crise gerada pela intervenção russa na Geórgia e é visto como mais um desafio de Moscovo ao Ocidente.
O míssil RS-12M Topol, com um alcance máximo de dez mil quilómetros, foi lançado do cosmódromo de Plesetsk, no Noroeste da Rússia, e atingiu o seu alvo na Península de Kamchatka, no Extremo Oriente russo, depois de voar mais de seis mil quilómetros. Segundo o porta-voz da Força de Mísseis Estratégicos da Rússia, coronel Alexander Vovk, o lançamento visou testar a capacidade do míssil em evitar a detecção por sistemas de defesa terrestres, e foi um êxito.
O timing deste ensaio não foi inocente, já que surge escassas semanas após a assinatura do acordo para a instalação do escudo antimíssil dos EUA na Polónia e coincide com a crise na Geórgia e com a escalada da tensão no Mar Negro.
Não obstante, Moscovo sofreu ontem um revés diplomático, com os seus aliados da Organização de Cooperação de Xangai (China, Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguízia e Cazaquistão) a recusarem apoiar directamente a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, limitando-se a manifestar a sua preocupação pela tensão na região e a apelar ao diálogo.
PUTIN ACUSA WASHINGTON
O primeiro-ministro russo Vladimir Putin acusou ontem "alguém nos EUA" de provocar o conflito na Geórgia com o objectivo de "beneficiar um dos candidatos" às eleições presidenciais americanas. "Não é apenas o facto de os americanos não terem conseguido travar a liderança georgiana, mas também o facto de eles (EUA) terem armado e treinado o Exército georgiano", afirmou o chefe do governo russo em entrevista à CNN. "Isto levanta a suspeita de que alguém nos EUA criou deliberadamente este conflito com o objectivo de aumentar a tensão e criar uma vantagem competitiva para um dos candidatos à presidência dos EUA", acusou Putin, sem especificar a quem se referia.

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