segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Código da Jihad ameaça al-Qaeda

Um novo manual da Jihad (Guerra Santa) escrito em segredo numa prisão de alta segurança líbia por elementos de uma das mais perigosas organizações jihadistas dos últimos anos está rapidamente a ganhar adeptos no Médio Oriente e a deixar inquieta a al-Qaeda. Basicamente, o que novo código jihadista diz é que é proibido, à luz do Islão, matar civis de forma indiscriminada, numa clara demarcação face à forma de actuar da rede terrorista de Osama bin Laden.
“A Jihad tem uma ética e uma moral, porque visa servir a Deus. Isto significa que é proibido matar mulheres, crianças, idosos, religiosos, mensageiros, comerciantes e outros que tais. (...) Estas regras são aquilo que permite distinguir a Jihad das guerras das outras nações.” Num documento político e religioso de mais de 400 páginas, este é o parágrafo que está a fazer tremer a al-Qaeda, ao colocar em causa os fundamentos em que o grupo assentou toda a estratégia.
Ao contrário do que poderia pensar-se, o mais credível desafio à ideologia da rede terrorista de Bin Laden não foi idealizado ou manipulado por uma qualquer CIA ou MI5. É fruto de dois anos de duras negociações, mantidas em segredo no interior da uma prisão líbia, entre membros do Grupo Combatente Islâmico Líbio (GCIL) e as autoridades locais, sob a batuta de Saif al-Islam al-Khadafi, filho do líder líbio, Muammar Khadafi.
No início de 2007, Saif al-Islam contactou um antigo líder do GCIL exilado em Londres para servir de mediador nas negociações com os membros do grupo detidos na Líbia. A ideia era negociar um acordo de paz entre o grupo jihadista e o regime líbio e ao mesmo tempo travar a crescente influência da al-Qaeda na Líbia.
Destas negociações acabou por sair o novo código da Jihad, já avalizado por vários líderes políticos e religiosos do Médio Oriente como uma alternativa credível à doutrina radical da al-Qaeda e um possível passo em frente para acabar com o fascínio que a rede terroristas exerce sobre as gerações mais jovens.
A al-Qaeda já acusou o toque: desde Agosto que nas suas mensagens o grupo tem proclamado a ‘adesão’ do GCIL à causa do terrorismo global, numa tentativa descarada de sabotar e colocar em causa este novo manual da Jihad. Os serviços secretos ocidentais acreditam, por seu lado, que este pode ser, a médio prazo, o mais sério desafio à subsistência da rede terrorista al-Qaeda.
In:Correiodamanha

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