segunda-feira, 22 de outubro de 2007

«Houve mesmo uma guerra»

O documentário de Joaquim Furtado colocou o dedo na ferida e «avivou a memória» dos portugueses. Foi mesmo uma guerra e não houve só tiros, pois produziu entre 12 a 15 mil deficientes. Ex-combatentes dizem que documentário reproduz a verdade histórica. E mostra que militares «cumpriram a sua missão de forma digna».
A realidade é a mesma, o passado não mudou de repente, e as memórias, essas, vão e vêm, mas nunca desaparecem. Mas depois há vários pontos de vista, várias perspectivas dos factos, vários conceitos do que foi a Guerra Colonial ou a Guerra do Ultramar ou Guerra de Libertação. O documentário «A Guerra», assinado por Joaquim Furtado, que ontem estreou na RTP, teve, pelo menos, o mérito de mostrar que «houve, na verdade, uma guerra», para «avivar a memória».
«Joaquim Furtado fez o comunicado do 25 de Abril no Rádio Clube Português e, agora, fez outro comunicado ao País. Só por isso tem de ser reconhecido», sublinha José Arruda, presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, em declarações ao PortugalDiário.
E como todas as guerras, continua este ex-combatente, «não houve só tiros. Há questões humanas. Esta guerra produziu entre 12 a 15 mil deficientes que deveriam ter direito a uma indemnização, uma reparação moral».
José Arruda lembra que os jovens portugueses que participaram nesta guerra foram obrigados, porque tinham de cumprir o serviço militar obrigatório: «Nós fomos todos enganados, arrancados às famílias, estávamos sozinhos».

«Aproxima-se da verdade histórica»

O general Joaquim Chito Rodrigues, presidente da Liga Portuguesa dos Combatentes, em declarações ao PortugalDiário, realça o facto de o documentário de Joaquim Furtado se aproximar da «verdade histórica, ouvindo os interveninentes e apresentando factos concretos».
A esperança deste militar é que «daqui resulte a prova de que as forças armadas, durante 13 anos, cumpriram a sua missão de forma digna». Há muitas leituras da História na sociedade portuguesa, diz, e «quando se faz uma abordagem ouvindo as duas partes e pondo de parte as questões ideológicas, resulta num trabalho de informação. Até para os portugueses mais jovens, que não viveram esse tempo».
Os historiadores estrangeiros têm passado uma ideia errada das forças armadas, sublinha Joaquim Chito Rodrigues, e «era importante que se conhecesse a verdade do comportamento geral destes homens numa guerra que foi de defesa das populações e de combate com outras forças que nos combatiam com armas».
As forças armadas, continua este militar, «não perderam a guerra, foram os políticos e isso não está suficientemente claro. A sociedade portuguesa acusa os militares de terem feito a guerra pela guerra, mas foram os políticos que a fizeram». Este documentário, acredita Joaquim Chito Rodrigues, vai provar isso.

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In: PortugalDiário

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