quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Militares e polícias acreditam estar sob escuta

Associações profissionais de militares e da PSP garantem ter "fortes suspeitas" de estarem a ser alvo de escutas telefónicas, relatando episódios "estranhos" e "demasiadas coincidências". Tal como Pinto Monteiro, também eles ouvem "barulhos estranhos" nos telemóveis.
"Temos indícios muito fortes que nos permitem afirmar com segurança que os nossos telemóveis estão sob escuta" garantiu o vice-presidente da Associação Nacional de Sargentos, sargento-mor, David Pereira, ao Público.
Também o coronel Tasso de Figueiredo, secretário-geral da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), assegura que, "nalguns momentos e pelas mesmas razões invocadas pelo senhor procurador-geral da República, tivemos a suspeita de que os nossos telefones móveis ou fixos estariam sob escuta."
Segundo o mesmo jornal, há já militares que, antes de iniciarem uma conversa telefónica, perguntam: "Já cumprimentou os ouvidores?".
Também na PSP há um clima de desconfiança sobre este tema, onde se verificam "demasiadas coincidências e anomalias" a afectar os telefones pessoais de dois dos presidentes de sindicatos, e de outros sindicalistas.
O presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP) acredita que há uma polícia secreta, sedeada em Belas, detentota de equipamento que pode efectuar escutas ou simplesmente escutar conversações e identificar o local de origem das chamadas, desde 1999.
Aliás, António Ramos lembrou ao Público o facto de ter ainda um processo pendente "por ter denunciado a existência, dentro da PSP, de uma espécie de polícia secreta, a qual foi desmantelada há cerca de dois anos, mas que, actualmente, estará a ser reactivada", garante.
"Acredito, por experiência própria, que a PSP escuta os seus próprios funcionários, sobretudo os sindicalistas, tal como acredito que agora [desde que o procurador-geral da República levantou a suspeita das escutas ilegais] essas escutas tenham deixado de ser feitas", disse, por sua vez, Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), ao mesmo jornal.
Também o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, refere que "há indícios, nos telemóveis, que são estranhos", reconhecendo ainda a existência, na PSP, de equipamento para efectuar escutas .

'Não há escutas ilegais'
O director da PJ, Alípio Ribeiro garantiu ontem que não se fazem, em Portugal, escutas ilegais. As escutas em Portugal "são judiciais e não administrativas, como acontece noutros países", pelo que dependem sempre da vontade das magistraturas. "A PJ é intermediária" do processo, acrescentou, desmistificando a ideia que a Polícia "carrega num botãozinho para fazer escutas telefónicas". Referindo-se a alegadas escutas ilegais, Alípio Ribeiro foi peremptório: "Não há".

'PGR vai ao Parlamento daqui a 15 dias'
A audição do Procurador-Geral da República com carácter de urgência foi aprovada pelo PS, PSD, PCP, CDS-PP e BE na Comissão de Assuntos Constitucionais e deverá ser marcada para daqui a cerca de quinze dias, coincidindo com a semana do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2008. Pinto Monteiro vai ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre as suas declarações relativamente às escutas telefónicas.

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