sábado, 19 de janeiro de 2008

Afeganistão: Última FRR portuguesa parte a 11 de Fevereiro

O primeiro contingente da última Força de Reacção Rápida (FRR) das Forças Armadas Portuguesas que vai em missão para o Afeganistão, num total de 150 militares, parte a 11 de Fevereiro, anunciou hoje um responsável do Exército.
O destacamento avançado vai «preparar o terreno» para receber o «grosso» do efectivo da FRR, que deverá partir a 28 de Fevereiro, explicou o Comandante da Brigada de Reacção Rápida (BrigRR) do Exército Português, major-general Carlos Jerónimo.
O responsável falava aos jornalistas, em Beja, durante uma simulação do exercício militar «Kabul 081», que, até sexta-feira, decorre no concelho de Beja, para preparar a última FRR portuguesa a ser integrada na Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) no Afeganistão.
A nova FRR, composta por 150 militares da BrigRR, a maioria Comandos, vai render o efectivo de 157 militares (150 do Exército e sete da Força Aérea), que deverá regressar no final de Fevereiro ou início de Março, após uma missão de seis meses.
A partir de Agosto deste ano, quando a última FRR portuguesa terminar a sua missão no Afeganistão, o Governo vai reduzir a participação das forças armadas ao serviço da NATO, naquele país, e o contingente será reduzido para um destacamento de um avião C-130 e uma equipa de 15 militares, que vão dar formação ao exército afegão.
Durante o exercício militar de hoje, o Monte da Cabeça de Ferro, um área militar entre os concelhos de Beja e Mértola e onde está situada uma carreira de tiro do Exército Português, transformou-se numa «zona perigosa» do distrito de Daman, na província afegã de Kandahar.
Na simulação, uma coluna militar de sete viaturas da força portuguesa seguia para uma «chura» (reunião) com o chefe do distrito, quando sofreu uma emboscada de um grupo de terroristas.
No ataque, os «insurgentes», escondidos entre «chaparros» alentejanos, accionaram, à distância, um engenho explosivo improvisado, para obrigar a coluna militar a parar.
Após a explosão, seguiu-se um «fogo cruzado» entre os militares da coluna portuguesa e os terroristas.
Tratou-se da recriação de uma situação «muito próxima» da realidade no Sul do Afeganistão, disse Carlos Jerónimo, explicando que este tipo de emboscada, com o objectivo de «criar a confusão» e «provocar o maior número de baixas», «é uma técnica muito comum entre os insurgentes».
O exercício decorreu sobre o olhar atento de oficiais da Inspecção-Geral do Exército, que vai validar e acreditar as capacidades e a prontidão dos militares que vão integrar a nova e última FRR a partir para o Afeganistão.
Na conversa com os jornalistas, durante o exercício, o major-general Carlos Jerónimo reconheceu que as missões internacionais, como a participação portuguesa na ISAF, no Afeganistão, «custam caro» ao Estado.
«Mas são custos que têm de ser encarados como um investimento na preparação das próprias Forças Armadas Portuguesas», frisou o responsável, defendendo que «Portugal, se quer estar ao lado e ao nível dos parceiros internacionais, tem que investir nos meios e na preparação das suas forças».
Neste sentido, Carlos Jerónimo garantiu que Portugal, embora «não à velocidade desejável», «tem vindo a evoluir na aquisição de meios para garantir a melhor preparação e protecção possíveis» das Forças Armadas Portuguesas.
Apesar de a missão no Afeganistão ser de manutenção de paz, frisou Carlos Jerónimo, «os militares têm que estar preparados para enfrentar situações de guerra», no Sul daquele país, sobretudo em Kandahar, e na zona leste, junto à fronteira com o Paquistão.
In:Diário Digital/Lusa