GNR+GNR: cabem todos no mesmo palco
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Dezasseis anos depois de terem posto 45 mil pessoas a cantar os temas de «Rock in Rio Douro», os GNR já não são a banda que sacudiu Alvalade. E nem podiam ser. Exigir-lhes isso seria o mesmo que pedir aos seus fãs que, entretanto cresceram, começaram a trabalhar, contraíram empréstimos bancários e tiveram filhos, voltassem ao início dos anos 90. E afinal de contas, não foi só o preço da cerveja que aumentou nos concertos dos GNR desde essa altura.
Mas no cadinho das qualidades da banda, que um dia declarou «morte ao Sol», permaneceram as essenciais, que serviram para iluminar a memória das cerca de 10 mil pessoas na plateia e nas bancadas do Atlântico, com a ajuda da prestação imaculada da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, que abriu a noite, naquela que foi uma experiência feliz, de dois mundos musicais diferentes que se tocaram.
A batuta do maestro tenente-coronel Jacinto Montezo guiou os seus 115 músicos no preâmbulo inicial até à entrada dos outros GNR. Rui Reininho, de casaco branco vestido, ofereceu de entrada «Espelho Meu», passando para «Popless» e «Mais Vale Nunca».
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Recupera-se o fôlego com a solidez sinfónica dos outros GNR. Reininho larga o casaco e troca de camisa. Afinal de contas, a banda tinha ainda mais de uma hora de temas no carregador, entre eles «Tirana», «Sexta-feira», «Sangue Oculto» (com uns primeiros acordes pavlovianos) e «Sub-16». No final da série, já com o público todo de pé ¿ mesmo aqueles que tinham pago mais para ficar sentados - Reininho despediu-se: «Até sempre». Mas foi um até já, porque voltaram para um primeiro encore com Dunas e de novo Popless, e num segundo com «Asas Eléctricas».
No final, ficou na sala a sensação de uma viagem ao passado, mas sem hormonas nem borbulhas, cuja efemeridade não adormeceu a memória. Até porque os trintões também têm direito a concertos.
In PortugalDiario
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