sábado, 8 de dezembro de 2007

NATO fica no Kosovo mas violência já começou

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO anunciaram ontem que a força de 16 mil homens presente no Kosovo, a Kfor, vai manter-se no terreno e travar qualquer tentativa de regresso à violência na província sérvia que, desde 1999, é administrada pelas Nações Unidas. No comunicado divulgado após o fim da reunião dos chefes da diplomacia dos 26 países da Aliança Atlântica lê-se: "A NATO responderá de forma determinada a toda a tentativa de ataque à segurança dos habitantes do Kosovo - sem distinção".
Esta é uma mensagem dirigida tanto aos grupos radicais albaneses como aos grupos radicais sérvios (alguns contestam a presença da NATO e da ONU na província). É também um recado para alguns políticos de Belgrado que, de vez em quando, pronunciam a palavra guerra, como foi o caso de um conselheiro do Governo sérvio, Aleksandar Simic, que na quinta-feira disse que Belgrado poderia não ter outra saída.
Há três anos, em Março de 2004, a Kfor não conseguiu evitar que 19 sérvios fossem mortos em confrontos com os albaneses. E todos temem que algum acontecimento venha incendiar o rastilho de tensão que existe neste momento no Kosovo por causa da definição do estatuto final.Os líderes albaneses que venceram as eleições de 17 de Novembro, alguns antigos combatentes do Exército de Libertação do Kosovo (UÇK), pretendem declarar a independência depois de segunda-feira, em coordenação com os EUA e a UE. A Rússia, aliada da Sérvia, contesta qualquer decisão à margem da ONU, tendo pedido um novo prolongamento das negociações entre sérvios e albaneses sobre o futuro da província.
No dia 10, justamente, a tróica de mediadores (EUA, UE e Rússia) apresenta na ONU o resultado do primeiro prolongamento de 120 dias. O assunto sobe depois ao Conselho de Segurança. Aí é necessária a unanimidade entre os cinco membros permanentes: EUA, Reino Unido, França, China, Rússia. Algo que muito dificilmente acontecerá.
A UE, por seu lado, tentará adoptar uma posição comum sobre o Kosovo na cimeira de dia 14, o que também será difícil, devido às reticências que Estados como Chipre, Roménia, Grécia ou Espanha têm em relação à independência sem aval da ONU. Os europeus devem substituir a missão das Nações Unidas no Kosovo, mas caso não haja nova resolução será muito complicado fazê-lo, pois a base seria a resolução 1244. E essa defende a integridade territorial, ou seja, admite a soberania da Sérvia.
Patrícia Viegas In: DN Online

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