quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Kfor reabre fronteira norte do Kosovo

Missão de paz da NATO acusa líderes sérvios de promoverem distúrbios
A missão de paz da NATO no Kosovo, Kfor, reabriu, esta tarde, a fronteira norte do Kosovo com a Sérvia, que tinha sido encerrada depois de, ontem, dois postos fronteiriços terem sido incendiados. O comandante da Kfor acusou os líderes locais da minoria sérvia de estarem a agitar a população para que participe em acções violentas.
A força da NATO, a KFOR, acusou directamente os líderes sérvios do norte do Kosovo de terem organizado os violentos ataques, ontem, contra dois postos fronteiriços com a Sérvia, incendiados por um milhar de sérvios em fúria.
"Certos líderes (sérvios) locais tiveram uma responsabilidade enorme (...)", disse o comandante da KFOR, o general Xavier Bout de Marnhac, após uma reunião com o presidente kosovar, Fatmir Sedjiu, e o primeiro-ministro, Hashim Thaçi.
Um dos principais líderes dos sérvios do norte do Kosovo qualificou a acusação de "ridícula". "Estas acusações são ridículas, mas não estou surpreendido. Já fomos acusados no passado", disse o nacionalista Milan Ivanovic à agência noticiosa francesa AFP.
Os dois postos fronteiriços, encerrados após os ataques, foram reabertos hoje à tarde, indicou a polícia do Kosovo (KPS) num comunicado.
Cerca de 40 mil sérvios vivem no norte do Kosovo, num total de 120 mil, face a perto de dois milhões de albaneses.

Manifestação e crítica diplomática
O Governo sérvio convocou para amanhã uma grande manifestação contra a independência kosovar, decalarada no passado dia 17. O clima na capital, Belgrado, está tenso mas as autoridades dizem que o protesto deverá decorrer de forma pacífica.
"Não pode haver violência ou colocação de vidas em risco. Os únicos argumentos que nos dão o direito de defender o nosso Kosovo são a paz e acções razoáveis", sublinhou hoje o presidente Boris Tadic.
Perante o Parlamento Europeu, o chefe da diplomacia sérvia, Vuk Jeremic, afirmou que o futuro europeu da Sérvia está "comprometido" devido ao reconhecimento da independência do Kosovo por alguns Estados membros da União Europeia (UE).
"As relações entre a Sérvia e alguns membros da UE estão comprometidas e não vejo como podemos acelerar os nossos esforços em direcção à Europa", disse.
A UE deve enviar em breve para o Kosovo uma missão para acompanhar a independência. Pieter Feith, o holandês que ficará à frente do Gabinete Civil Internacional da UE, que apoiará as instituições kosovares, disse hoje ter iniciado o seu mandato.
A Sérvia considera a missão "ilegal" dado não ter tido o aval da ONU, o que pode atrasar a assinatura do Acordo de Estabilização e Associação com Bruxelas, primeiro passo para a sua integração na UE.
Por outro lado, a Sérvia continuou o seu "contra-ataque" diplomático à independência do Kosovo, chamando os seus embaixadores na Alemanha e na Áustria, depois dos da França, dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Para reafirmar a presença sérvia no Kosovo, vários ministros sérvios deslocaram-se hoje ao norte do Kosovo, assim como a diversos enclaves sérvios.
In:Sic Online

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