sábado, 14 de junho de 2008

ETA ensina FARC

Um guerrilheiro arrependido das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) confirmou ao jornal ‘El Mundo’ as relações entre aquele grupo rebelde marxista e a ETA. Camilo, nome de guerra do informador, diz que os terroristas bascos ensinaram as FARC a usar explosivos como o C4, mais práticos e eficazes do que a dinamite, e a construir bombas activadas por telemóvel. Em troca as FARC financiam a ETA.
O arrependido afirma que ele e mais 19 guerrilheiros assistiram a um curso, que decorreu em Julho de 2007 na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia. O principal formador era o etarra Martín Ca-pa. "Quando o curso terminou", lembra Camilo, "eu era capaz de montar uma bomba". Camilo assegura ainda que os etarras falavam de política e da sua luta, mas que nunca referiram os atentados de Março de 2004 em Madrid.
As primeiras informações sobre a relação das FARC com a ETA datam de 2002, mas a maioria delas só se tornou conhecida recentemente graças a um programa do governo da Colômbia para reintegração de arrependidos das FARC.
Paralelamente às visitas de etarras à Colômbia, os colombianos vêem a Espanha fazer contactos políticos e tráfico de droga para financiar a guerrilha. Camilo sabe-o bem, pois durante anos esteve na Venezuela para obter documentos e dinheiro falsos para as viagens dos guerrilheiros. "Em Caracas conseguia cartões de crédito e vouchers para os hotéis, pois aí falsificam bem essas coisas", afirmou.
EMPRESÁRIAS BASCAS DETIDAS
O juiz Baltasar Garzón, da Audiência Nacional, ordenou a prisão incondicional de duas empresárias bascas acusadas de financiar voluntariamente a ETA. Garzón alega que existe o risco de María Isabel e Blanca Bruño Azpiroz entrarem em fuga. As arguidas negam ter feito pagamentos à ETA, embora admitam ter recebido duas cartas de extorsão dos terroristas, que alegadamente ignoraram e destruíram.
A Justiça alega, no entanto, que as empresárias ofereceram pelo menos seis mil euros de livre vontade e não devido às pressões feitas pela ETA no âmbito da recolha do chamado imposto revolucionário. Prova disso, alegam, são as cartas de agradecimento da ETA, escritas em termos cordiais, elogiando as virtudes patrióticas das empresárias.
SAIBA MAIS
GUERRILHA
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia foram criadas em 1964 como um movimento de guerrilha. São consideradas uma organização terrorista pela Colômbia, Estados Unidos, Canadá e União Europeia.
16 000 membros têm as FARC. Nos anos 80 envolveram-se no tráfico de droga, que financia a guerrilha.
45 000 pessoas morreram desde o início da guerrilha. As FARC costumam raptar pessoas para depois exigir resgates. Têm mais de 700 reféns na sua posse.

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